Crônica de Uma Ode aos
45 do segundo tempo
Fazer um
evento de encerramento das atividades, em pleno 21 de dezembro, com todo mundo
pensando em Papai Noel, e nós pensamos em uma homenagem. Uma “Ode a Barata”.
Pensamos em
fazer uma “homenagem” a BARATA. E a coisa foi tomando corpo: não podíamos falar
de barata, sem falar de Dona Baratinha, recontada por Braguinha, não podíamos
falar de barata, sem falar de Kafka e sua “Metamorfose”, não podíamos falar de
barata sem falar da “Paixão Segundo GH” de Clarice Lispector.
A ideia
surgiu de um encontro com o pai de “Emengarda” o contador de história Pierre
André. Ele disse: “quero contar história na Borrachalioteca”. Data anotada: 21
de dezembro, hora certa: 10 da manhã. E pensamos na Lurdinha, contadora de
história nata que conta a “Emengarda”, há pelo menos 10 anos (do seu jeito
peculiar de apropriar do texto escrito).
Continuamos
a costura do evento de encerramento: ao ligar para Pitucha – contadora de
história, mediadora de leitura, fiel escudeira da escritora Elizete Lisboa, e
fã da Borrachalioteca, ela nos lembrou que Elizete tinha um livro de duas
escritas, também com o tema barata: “Cadê a Monstrinha”.
Pronto: o
corpo do evento estava cada vez melhor. E foi a vez de uma das mais atuantes
contadoras de história se pronunciar: “vou ao evento para contar a história
recolhida por Braguinha (João de Barro), a ‘História da Baratinha’”.
Faltava
ainda um contato com a ilustradora do livro “Emengarda” a sabarense Juliana
Buli, que ilustrou com muita maestria a obra e garantiu presença.
E os
Arautos¿ Onde eles entrariam¿ Na leitura do clássico ”Metamorfose” e da
Clarice.
Com amigos
que começaram a fazer a decoração do espaço com baratas de todos os jeitos e
calibres nos preparamos para encerrar as atividades de 2014.
E assim foi.
No dia certo, com a hora um pouco avançada, começamos a nossa “ODE A BARATA”.
Começamos
com um soneto escrito por Caio Junqueira para o livro “Era uma Voz” e musicado por Zebeto Correa: “Madona
Baratinha”.
Passamos
para a leitura do início da Metamorfose de Franz Kafka, no livro de 1956, com
tiragem de apenas mil exemplares, em edição de luxo que ficou a cargo do
arautino Sartre.
Em seguida, veio
a escritora Elizete Lisboa, juntamente com Pitucha, e começaram com um
noticiário sobre barata: quantos anos ela vive¿ como ela namora¿ há quantos
anos está na Terra¿ Foi uma curiosidade atrás da outra e depois soltaram mais
alguns bichos pelo salão: ratos, e mais ratos, e mais ratos e cobra...
Apresentou,
depois, a todos seu livro “Cadê a Monstrinha”, em duas escritas e contando a
história de uma barata que entrou sem querer em uma casa e causou um alvoroço.
E não contou o final... O livro foi doado para a Borrachalioteca, quem quiser
saber o final tem de pegar emprestado!
A próxima
foi outra Arautina: Sheila Emília, que defendeu um trecho do livro “Paixão
Segundo GH” de Clarice Lispector.
Veio a
contadora de história que voltou no tempo e lembrou, com maestria, do disquinho
colorido, que tocava a “História de Dona Baratinha”. Com seu violão e a voz suave,
quando fazia a barata e grossa cheia de trejeitos, para fazer o boi, o pato, o
bode e os pretendentes da baratinha... Ao fazer o rato, mandando beijinhos para
todos, não teve jeito, todos caíram na risada!
Outro
participante apareceu como se fosse em vídeo conferência. Sergio Pacheco
recitou um poema que escreveu em 1989 e deu seu recado mesmo não estando
presente!
E veio Lurdinha Reis, que convidou Derli, para
acompanha-la no primeiro texto: da Regina Porto... Derli, fez caras e bocas
atrás da janela da Dona Baratinha, ao mostrar os desenhos, como fantoches e foi
muito bom!
Lurdinha
então emendou uma história na outra e chamou o criador da “Emengarda” para
ajuda-la. Lurdinha, com a segurança de quem conta a história há no mínimo
“trezentos anos” deu um show, desconcertando até mesmo o criador da história,
pois ela aumentou mais alguns pontos do conto dele, que ele desconhecia, mas
gostou do que viu e ouviu.
Foi a vez do
Pierre André, que perdeu uma madrugada para relembrar como foi a criação da
“Emengarda”. Fez um passeio poético pelos países em que ele afirma que conheceu
as baratas que fazem parte de sua vida.
Neusa Sorrenti, grande escritora mineira,
mandou um poema também para participar da festa, e ficou a cargo de outro
arautino, o Gabriel Henrique, a leitura: “Baratice” que estará em livro em
2015.
Águida e
Joyce Faria, lembraram então de uma quadrinha, para encerar a festa, antes dos
comes e bebes:
“Ninguém
me ama,
Ninguém me
quer
Por isso
eu vou
Comer Barata!
Barata
frita
Barata
assada
Sopa de
barata”
Um servidor do Banco do Brasil, ficou
tocado pelo evento e também se arriscou, ao contar a Sopa de Pedras, que ele
jura de pé junto que foi São Francisco de Assis que viveu!
E depois foi a vez dos comes e bebes,
bolinho de feijão, pão de queijo de Dona Zica e mais resenhas...
Enfim, a impressão que ficou foi de um
evento, que poderia ter qualquer personagem, mas a barata, foi devidamente
homenageada e o mais importante: o motivo é o de menos, o que importa são os
encontros de pessoas, dos livros e da leitura.
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